terça-feira, março 18, 2008

LIVROS "INSPIRADOS POR DEUS" ?

POR QUE AS PESSOAS ACREDITAM EM LIVROS "INSPIRADOS POR DEUS" ?

A curiosidade em saber de onde veio e o medo do após-morte eram comuns para nosso irmão ancestral. Para suprir essa necessidade em conhecer o que estava além de sua cognição, apareceram os “porta-vozes” dos deuses. Eram geralmente feiticeiros que tiravam as dúvidas sobre o “outro mundo” tão temido pelos companheiros da tribo.

Eles diziam entender a voz dos trovões, e seu público, com pouquíssima capacidade de discernimento, acreditou que eles tinham a mensagem dos deuses. Ter o privilégio de falar com uma divindade gerou frutos, e logo apareceram reis e profetas que diziam falar com os Espíritos Invisíveis. O mais famoso deles foi Moisés, o profeta bíblico que trouxe os Dez Mandamentos para seu povo, depois de uma conversa com Javé, o deus do Antigo Testamento.

Hoje ainda, a maioria da população acredita que Deus orientou profetas a falar por ele e expor seu desejo por escrito. Entretanto, uma pequena parcela da humanidade não acredita que Deus tenha orientado alguém a deixar registrado em livros seu pensamento.

Sabemos que nas classes onde há menos acesso à informação científica e filosófica, é maior o número de pessoas que acreditam nas Escrituras. Mas o que muito me deixava abismado, era por que, entre os cultos, também havia aqueles que acreditavam quase que literalmente na Bíblia. Isso me levou a enumerar alguns motivos que poderiam levar uma pessoa moderna, bem informada, a acreditar que Deus tenha instruído profetas no passado na confecção da Bíblia.

1. Desconhecimento do Antigo Testamento. Quem o lê, verá um Javé irritado, guerreiro, assassino, racista, sexista, xenófobo, cruel. Nada que lembre um Deus sábio e generoso. Ou alguém acredita que leis que mandam matar noivas sem sinais de virgindade, filhos desobedientes e quem segue outra religião podem vir de um deus sábio e amoroso?

2. Hipnose milenar. O ser humano é facilmente induzido a acreditar nos mais velhos e nas autoridades. Mesmo os devotos cultos, não vêem nada de mais, no fato de o deus do Antigo Testamento lançar pragas contra gente inocente. Ou afogar até crianças num dilúvio por que se irritou com os pecados dos homens.

3. O medo. O receio de um possível castigo no além, por não crer num livro que nos afirmam ser totalmente inspirado por Deus, leva o devoto a criar um muro mental que o impede de raciocinar por si mesmo;

4. Acobertamento. O devoto é induzido pelas autoridades religiosas a ver apenas o lado bom da Bíblia: Há alguns provérbios bons e úteis, alguns salmos confortadores, e acima de tudo, a mensagem de amor do carismático Jesus, bem diferente do Javé do Antigo Testamento.

5. Desconhecimento das fontes. O Antigo Testamento e as lendas da criação do mundo, Adão e Eva e o Dilúvio são mitos copiados de tradições da Mesopotâmia. Moisés, se existiu, inspirou-se no rei Hamurabi, babilônico, para convencer o povo hebreu que havia recebido as tábuas da lei de Javé. E de Akenaton, faraó egípcio, Moisés tirou a idéia de um deus único que escolhe um povo como seu amado e preferido. O mito do castigo no pós-morte é uma antiga maneira dos sacerdotes ludibriarem o povo e mantê-lo sob suas leis. O inferno para a doutrina cristã é o lugar para onde vão os que não seguem o Cristo. É mais um mito copiado dos antigos para atemorizar e prender fiéis nos bancos da Igreja. O mito do salvador que nasce de uma virgem já era usado pelas religiões mesopotâmicas, egípcias, gregas, etc. Embora Jesus nunca ter dito ser Deus, após sua morte deram-no caráter deificado, para conseguir adeptos à seita que se iniciava, também entre os gentios, que já conheciam muitos salvadores que vieram de virgens fecundadas por algum deus. O mito da ressurreição ao terceiro dia, foi copiado da tradição de antigos deuses que morriam e ressuscitavam, geralmente ao terceiro dia. Alguns nomes: Hórus (Egípcio), Mitrha (romano), Krishna, Dionísio, etc.

O saber livra as pessoas das algemas da superstição. E nos livra de sermos submissos a grupos que dizem deter a palavra divina. De posse do conhecimento, somos livres em decidir em que acreditar.

Fernando Bastos – http://pensarporsi.zip.net/